Criando novos hábitos




É muito mais confortável, para mim, viver à sombra de algum transtorno - de forma alguma quero diminuir a dor de alguém ou maldizer, só estou relatando minha experiência.

Viver na nossa zona de conforto é aconchegante até que, em algum momento, ela nos paralisa. Eu ficava dias sem sair de caso, só ia para a terapia uma vez por semana e, mesmo assim, reclamando muito, tendo crise de ansiedade, insônia e querendo muito desistir.

Não vou mentir e dizer que isso tudo mudou do dia para noite, porque já são anos de terapia. Da minha zona de conforto eu sempre dizia "mas eu não consigo fazer isso, será que ninguém me entende???".
Então que a vida chegou em um ponto em que não dava mais para sentir pena de mim mesma - coisa que eu sempre senti, como abandono e incapacidade - e não tentar as coisas mais difíceis para mim, pelo menos em pequenos passos, pequenos hábitos por vez.

Comecei uma rotina nova - uma rotina, porque eu não tinha nenhum.
Um belo dia acordei disposta e a primeira coisa que eu fiz foi meditar. Procurei por "meditação guiada para manhã" e encontrei uma perfeita para mim. Fiz meu café - amo café, mas morro de preguiça de fazê-lo, troquei de roupa e fui caminhar. Já havia discutido isso com meu psiquiatra, mas só naquele dia eu senti que ia dar certo se eu tentasse.

No mesmo dia fui à uma loja e comprei uma agenda, porque queria anotar tudo que fiz naquele dia e o que eu poderia/deveria fazer nos posteriores, os meus compromissos e os jobs. Até agora tem dado certo, apesar de ter falhado um dia, porque não estava me sentindo bem.

O que eu quero dizer é que precisamos tentar, precisamos sair da nossa zona de conforto, porque dentro dela não há crescimento. Há dia que iremos falhar, porque todos temos dias ruins, mas precisamos nos compreender e não nos cobrar tanto, principalmente no início.

Comece com pequenos hábitos como:
- acordar, escovar
- preparar café da manhã (na mesa, de preferência)
- 10 min para mexer no celular
- arrumar a cama
- banho e tirar o pijama

São coisas que parecem ordinárias demais, mas para quem tem depressão ou outro transtorno paralisante, esse é um começo gigantesco. Depois você pode adicionar um exercício simples, a meditação, um projeto que você tem em mente, mas sempre achou trabalhoso demais...

Comece pequeno, mas não deixe de crescer.

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