demonização de medicamentos e militância errada


 meus remédios, alguns para mais de um mês


Quando, algum tempo atrás, fiz alguns stories mostrando alguns remédios que eu havia comprado, minha intenção era falar sobre os preços e como é difícil ter um tratamento psiquiátrico de qualidade neste país sem gastar fortunas de dinheiro.

Quanto a mim, me considero bastante abençoada, pois tenho um plano da empresa que cobre até 90% de alguns remédios e a economia é grande. Naquele dia a conta, só dos medicamentos, havia sido 267,00 e, com esse meu plano, paguei 67,00 pelos remédios.


Mas não consegui falar sobre o que queria, pois houveram militâncias no meu perfil quanto a isso, e eu simplesmente resolvi bloquear as pessoas - e não me arrependo. Não gosto de pessoas que dizem coisas tóxicas e não gosto de que pessoas que não me conhecem - ou o meu histórico psiquiátrico e psicológico - queiram dar uma de psiquiatra, questionando minha medicação, pra cima de mim.

Parece que as pessoas veem que tomo remédios e pensam que aquilo é um tipo de prazer. Não, não, não. Eu gostaria de passar, pelo menos, 24h sem tomar nenhum tipo de remédio. Ou você acha que eu não sei que os remédios fazem mal para o meu fígado e estômago, mesmo que eu tente protegê-los - com mais remédios?

Experimente ser eu por um dia e comece por tomar dois comprimidos ao abrir os olhos, em jejum, para proteger o estômago. Depois do café, mais dois comprimidos de antidepressivos fortes. Três vezes por dia tomar antiinflamatório e, por uma dor na cervical, mas um ou dois comprimidos para dor de cabeça ou enxaqueca - vai depender da sorte do dia. Enquanto isso, sendo uma pessoa extremamente ansiosa - EXTREMAMENTE - tome algumas gotas de um ansiolítico durante a tarde. Antes de deitar, mais algumas gotas, uma dose maior - pense na pandemia, futuro político e na putaria que cada vizinho faz neste prédio. No horário de dormir, tome mais dois medicamente em dose dobrada - quatro comprimidos. Se dormir e acordar no dia seguinte, ótimo!, mas se acordar às três ou quatro da manhã e não dormir mais, tome mais dois comprimidos de um outro medicamento e reze para conseguir dormir. E repita. Todos os dias por, agora, três meses - desde o início da pandemia. Você acharia agradável ou, alguns dias, teria repulsa e até ânsia de vômito?

O principal motivo de eu não gostar que questionem meu tratamento é que, apesar dos pesares que estamos vivendo, estou bem desde fevereiro. Passei um ano inteiro deprimida e foi assim, aos poucos, que encontramos medicações que me fazem bem e, se não o fizerem, substituímos e vamos nas tentativas, acertos e erros.

Meu antigo psiquiatra, que ficou comigo por dois anos, me dopava quando não conseguia resolver meus problemas. Já cheguei a tomar SETE medicamentos apenas para depressão, ansiedade e border - que o mais importante é a terapia. Eu vivia dopada ao ponto da minha psicóloga pedir para que eu ligasse para o meu marido me buscar após a sessão, porque eu não tinha condições de sair de lá sozinha.

Tão dopada ao ponto que um amigo que encontrei no shopping, há 10 min daqui, me trazer para casa - mesmo a casa dele sendo do lado oposto -, porque não confiava que eu conseguisse chegar sozinha e bem. Tão negligenciada, que em uma tentativa de suicídio, ele disse que não poderia fazer nada por estar fora da cidade e não pode recomendar outro psiquiatra, porque deveria estar viajando também.

Em dois ou três meses com o meu atual psiquiatra, ele retirou todos aqueles sete medicamentos, ajustou doses e, hoje, eu tomo a menor quantidade de medicamentos que já tomei - veja bem, medicamentos, não exatamente comprimidos - e me tirou de um ano inteiro deprimida (mesmo na pandemia).

Sou muito grata às pessoas que estavam ao meu redor e sabiam de todo meu histórico e me ajudaram a enxergar, com a pulguinha atrás da orelha, no meu tempo, aos poucos, sem me causar nenhum choque, que o meu antigo tratamento estava errado. E sinto muito, mas uma pessoa que nunca nem me viu, não tem a menor condição de dar pitaco sobre medicamentos ou profissionais que trabalham comigo.

A você que possui algum transtorno mental, confie em quem está perto, em quem conhece você de verdade, não em qualquer profissional que entre de repente na sua vida, tentando "consertar" seu tratamento.

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