fui proibida de renovar o contrato do local que foi minha casa por exatos um ano e quatro meses.

me senti desolada, sem chão. 

neste lugar, pensei não ter ninguém a quem recorrer.

pensei estar sozinha e sem lar. 

perdi a confiança nas pessoas muito nova e sempre se renovando ao longo dos anos, então, para mim, sempre foi muito difícil pedir ajuda. 

nunca pedi. 

mas em um mundo de possibilidades que me fora aberto, 

eu descobri que lar não é uma rua perto do metrô 

ou um lugar onde se dorme e assiste séries.

lar é onde o amor está,

é nas pequenas coisas,

no abraço,

na amizade,

no colo em que se pode chorar. 

e, de repente, 

eu descobri que existem pessoas que não me deixaram sem lar, 

que se abriram para mim, que me receberam também e que formamos, juntos, o nosso lar.

não em lugar, mas em cada uma de nossas conexões.

e, agora, eu sei que tenho em quem confiar,

quem abraçar,

quem puxar pela mão,

quem acolher e ser acolhida. 

escrevo com lágrimas nos olhos, 

pois nunca soube ser amada, 

me deixar entregar, 

desarmar os meus medos e entregar os meus traumas.

mas agora, tudo isso está sendo mais fácil,

pois aqui, nesses um ano e quatro meses, 

formei o meu lar, dentro e fora dessa casa, 

e continuo desconstruindo os muros para que mais lar possa ser e ter.