Você não soube me amar



Não, este post não tem nada a ver com aquela música da banda Blitz, famosa nos anos 80, tem a ver com o meu genitor: ele mesmo, aquele a quem eu liguei no dia dos pais.

Após três meses sem nos falarmos - ele nunca me ligou depois da minha visita em Minas - e nossa última ligação ter sido para avisar que eu havia chegado no Rio, ele me atendeu na maior frieza. Senti os pedaços de gelo em sua voz, batendo no meu coração e o o machucando, como pontas de um iceberg.

Apesar de dizer a mim mesma que eu não permitiria que ele me machucasse outra vez, ou que não devia mais satisfações a ele, por ser adulta e dona de mim, eu ainda não consegui construir o botão de desligar. Eu sinto e sinto forte. Sinto pesado. E suas palavras duras e frias, me fizeram chorar, mesmo que isso me fizesse ter raiva de mim, por permitir que ele ainda me atinja.

Qual a necessidade de ser tão mau?
Qual a necessidade de dizer coisas que não são verdades?
Qual o problema de dizer que se importa?

A vida é tão curta para esse joguinho de gato e rato, sabe? Poxa, pai, você poderia dizer que sente saudades, que gostaria que eu ligasse mais vezes. Poderia perguntar como eu estou e se a vida está boa. Não me fazer sentir mal por ter ligado. Eu senti vontade de pedir desculpas por ter te ligado. Não devia. E não vou mais. Não conte comigo para o fim do ano. Não conte comigo para datas comemorativas ou férias. Eu não faço mais questão.

De agora em diante, farei de tudo para que você fique o mais perto possível de ser um capítulo encerrado na minha vida. À minha psicóloga, vou implorar para que me ajude a criar um escudo em que, nada que você fale ou faça, vá me atingir.

Mas, se acaso precisar de mim, estarei aqui, pai.
Estarei aqui para o que você precisar, porque eu não sou igual a você e trabalho, diariamente, para nunca ser.
Hoje eu sou livre, sabe pai? E não é graças a você, porque sempre que você aparece - seja como sombra, seja em pessoa - eu me sinto presa, frágil, desprotegida. Você me anula. Mas eu, eu quero que você seja livre ao precisar de mim.

Só estou magoada, sabe pai?
Você me fez chorar no dia dos pais e isso doeu. O momento, em três meses, que eu tirei para falar com você e você me magoou. Vai passar, eu sei que vai. Mas agora tá doendo pra caralho, porque você nunca soube como me amar e demonstrar amor. Você só sabe ser abusivo e me fazer me sentir mal por ser quem eu sou.

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